Cannabis no SUS: Será apenas um remédio e uma concentração?

Cannabis no SUS: Será apenas um remédio e uma concentração?

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Na semana que vem, haverá uma reunião para falar sobre SUS. Uma das pautas será a inclusão da cannabis na rede pública. Ao que tudo parece, será apenas o canabidiol da Prati Donaduzzi.

Na próxima semana, 8 e 9 de dezembro, será realizada a 93ª reunião da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) que irá analisar possíveis acréscimos de tecnologias e insumos ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A incorporação do novo canabidiol também será pautada. Em agosto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) aprovou em 1ª instância o pedido do Ministério Público Federal (MPF) sobre a inclusão de medicamentos à base de canabidiol (CBD) e também tetra-tetraidrocanabinol (THC) na lista de medicamentos oferecidos pelo sistema.

No mês seguinte, o Secretário de Ciência Tecnologia Inovação de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto ainda disse que o fitofármaco Canabidiol 200mg/ml, único disponível nas farmácias, pode ser acrescentado em fevereiro de 2021.

Mais opções de canabidiol

A Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), entidade que trabalha com 44 empresas associadas, enviou uma sugestão à Conitec sobre a incorporação do remédio.

O ofício destaca que o canabidiol incorporado ao SUS não tenha apenas uma concentração específica de 200mg/ml, mas que possa aparecer também em outras opções.

O documento foi entregue à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do órgão e pretende assegurar a inclusão do canabidiol de maneira ampla.

O Canabidiol da Prati Donaduzzi também parece ser o único incrementado na rede pública.

Dosagens diferentes

O nosso organismo é único, por isso, as concentrações de remédios à base de cannabis podem variar.

Assim como os efeitos da maconha são diferentes em cada um, as reações dos canabinoides para fins terapêuticos também são.

Uns precisam de doses maiores de canabidiol, por exemplo, e outros do THC. Tudo vai depender do organismo.

Atualmente há até testes de DNA que ajudam a descobrir qual o melhor canabinoide e dosagem.

O que mostra que ter apenas um tipo de produto, pode não ser eficaz para todos os pacientes.

Mais empresas interessadas

Apesar da restrição do país em relação à cannabis, há cada vez mais empresas interessadas no setor. Na Abiquifi, por exemplo, são 8 empresas associadas que trabalham com a cannabis.

Até o momento, há seis empresas com pedido de registros para o medicamento à base da cannabis na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Isso sem contar os pedidos negados. A empresa Schoenmaker Humako Agri-Floricultura do grupo Terra Viva, havia conquistado o direito de plantar e vender insumos à base de cannabis no Brasil.

Os pedidos tiveram um respaldo positivo logo depois da aprovação da proposta 327/19, que flexibilizou a venda de cannabis no Brasil No entanto, as duas decisões foram derrubadas em abril.

 Sem Mevatyl

Mesmo antes da reunião a Conitec já avisou de antemão que o remédio à base de cannabis para tratar a Esclerose Múltipla, o Mevatyl, não será recomendado.

A justificativa do órgão foi que faltam estudos para garantir a eficácia do produto para o tratamento da doença, e também em relação a outros tratamentos.

Em uma nota publicada no site da comissão, ainda acrescentaram: “A medicação foi considerada segura, porém, o nível de evidência dos desfechos de eficácia foi considerado de baixa qualidade.”

A Conitec ainda acrescentou que há um tratamento disponibilizado no SUS para tratar os sintomas da esclerose múltipla com bons resultados, por isso, não precisam incrementar mais um.

O Mevatyl foi o primeiro remédio à base de cannabis aprovado no país pela Anvisa e o único. O Canabidiol da Prati Donaduzzi, aprovado este ano nas farmácias, se trata de um produto e não um medicamento.

 O remédio para esclerose múltipla também foi o primeiro feito com a planta no mundo e é comercializado em dezenas de países.  

No Brasil ele precisa ser importado. Com o dólar alto, o custo de cada caixa pode chegar a mais de R$2.500,00, fora o frete.

Participação dos pacientes

A Conitec informou que os pacientes também podem participar das reuniões, compartilhando experiências e dificuldades no acesso.

A chamada pública para participar da comissão como testemunha na próxima semana foi aberta em outubro, mas já encerrou.

Para se cadastrar nas futuras reuniões, com o direito de fala de 10 minutos, basta fazer a inscrição no site  da Conitec.

Tags:

Artigos relacionados

Relacionadas