Que a cannabis é a única alternativa de tratamento de muitos pacientes, isso é fato. Não é de hoje que pessoas com epilepsia refratária ou esclerose múltipla, por exemplo, só encontraram alívio no extrato derivado da planta.
Para se ter uma ideia, mais de 20 mil pessoas têm autorização de importação no Brasil, fora outras milhares que utilizam o óleo de associações e outras centenas que utilizam óleos artesanais, feitos em casa com o aval da justiça.
Uma das características do produto que atrai pacientes ao método alternativo é o fato dela possuir menos efeitos colaterais. Enquanto anticonvulsivantes comuns apresentam uma série de reações desagradáveis, a cannabis geralmente quase não apresenta nenhum.
E quando há algum efeito, ele não é tão significativo, comparado aos medicamentos tradicionais.
Mas será que há alguma contraindicação?
Segundo a médica ortomolecular Janaína Barboza, parece que sim. “Como tudo na vida, sim, existem contraindicações ao uso do Canabidiol. Ainda mais em se tratando de moléculas isoladas cuja segurança é nula simplesmente porque o Sistema Endocanabinoide jamais fora desenhado para atuar com apenas uma molécula em dose terapêutica”, ressalta.
É importante ressaltar também que na maioria das vezes o Canabidiol (CBD) não vem isolado. Frequentemente, medicamentos feitos com a planta possuem outros canabinoides, como o tetrahidrocanabinol (THC).
A substância que gera os efeitos alucinógenos da maconha, geralmente é acrescida em porcentagens pequenas. No Brasil, por exemplo, a maioria dos extratos possuem 0,3% de THC.
Contudo, remédios como o Mevatyl possuem quantidades maiores, o que pode aumentar um pouco os efeitos adversos. Consequentemente, as contraindicações ainda aumentam, como a cautela ao receitar para adolescentes, crianças e pessoas que vão dirigir ou operar máquinas.
A médica ortomolecular ainda acrescenta que é preciso ter bastante cautela ao receitar extratos ricos em THC a pessoas com histórico de entorpecentes, por exemplo.
A Dra Janaína também comenta que não há estudos que afirmem que a dosagem possa influenciar na contraindicação. Contudo ela diz que a segurança no método de utilizar a cannabis pode variar.
“A via oral é diferente de via sublingual que é diferente da via vaporizada que também difere da via fumada ou transdérmica, por exemplo. Cada via envolve uma cascata de eventos e algumas são mais conhecidas e seguras que outras”, diz.
Apesar de ser um remédio natural a cannabis também tem as suas limitações. Assim como chás de canela ou salsinha podem ser abortivos, a cannabis também não é recomendada para grávidas. Não porque é ruim, mas porque não há estudos.
Embora precise de mais investigações, a insegurança sobre o assunto não recomenda a adoção da cannabis por mulheres grávidas ou lactantes há um tempo.
As pesquisas existentes até agora focam mais na maconha, não no CBD. Mas a Dra Janaína acrescenta que na falta de investigações é preciso ter cautela. São necessárias mais pesquisas sobre o canabidiol.
Falando de maconha, pesquisas já mostram que mulheres que fumam maconha podem diminuir as chances de conceber, sem contar que o THC, substância que provoca o famoso “barato”, permanece no leite materno até seis semanas depois.
Outra pesquisa também mostrou que estas substâncias, chamadas canabinoides, têm a capacidade de interagir com o feto ainda na barriga, ainda nos primeiros estágios do embrião.
Isso porque o Sistema Endocanabinoide já começou a se formar no bebê. Então, os receptores CB1 e CB2 já estão ativos no organismo do feto.
Contudo, a médica conclui dizendo que para esses grupos é contra indicado até que os benefícios superem os riscos “ou seja, sempre avaliar caso a caso para decidir usar ou não qualquer substância nas diferentes fases e condições da vida”, diz.
Há uma cautela dos médicos em relação ao THC em pessoas hipertensas, pois o fumo pode ocasionar até ser o motivo da hipertensão. Contudo, a médica diz que não é bem assim, tudo vai variar de acordo com o método de administração.
“O THC a princípio trata hipertensão arterial sistêmica, mas um grande problema é que muitos estudos feitos com cannabis fumada e afirmam ser o THC o causador da hipertensão, esquecem que todo ato de fumar planta carbonizada causa injúria vascular e isto sozinho responde muito pelos problemas com a pressão arterial.”
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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