Que a cannabis pode ser aproveitada para construções, isso é um fato. Tanto casas como carros já foram feitos com as fibras de cânhamo nos últimos anos. Mas parece que ela já era usada para esse fim há mais de mil anos.
Pelo menos foi o que constatou um estudo feito no sítio arqueológico de Ellora, localizado no distrito de Aurangabad, em Maharashtra, na Índia.
Através da tecnologia os cientistas conseguiram encontrar fibras da cannabis utilizadas para a construção misturadas com cal e argila.
Trata-se de uma subespécie da cannabis muito utilizada pela indústria, na fabricação de tecidos, plásticos, cordas e até combustível. Ao redor do mundo, é possível encontrar também algumas casas feitas com o material.
A descoberta foi feita por Rajdeo Singh, químico da Archaeological Survey da Índia, e Milind M. Sardesai, pesquisador da Universidade Dr. Babasaheb Ambedkar Marathwada.
A região, que é considerada Patrimônio Mundial da Unesco desde 1983, foi escavada entre os séculos 6 e 11. O local é ocupado por mais de 100 cavernas que abrigam 12 templos budistas, 17 hinduístas e 5 jainistas, que remontam do período entre 600 a 1000 d.C.
Os pesquisadores exploraram as Grutas de Ellora em 2016, quando decidiram investigar o material usado no revestimento dos templos.
A pesquisa, publicada na revista científica Current Science, foi feita por meio de um escaneamento com um microscópio eletrônico, e também uma espectroscopia de infravermelho. Assim, foi possível encontrar as fibras no material da construção.
“A fibra da cannabis parece ter melhor qualidade e durabilidade que outras fibras”, explicou Sardesai ao site Discovery News. “Além disso, a goma da cannabis tem propriedades adesivas que podem ter ajudado a cal e a argila a formar uma pasta firme”, afirmou.
Singh ainda complementa que o sítio arqueológico é a prova que a cannabis misturada a cal e argila podem durar mais de 1500 anos.
Construções da Grutas de Ajanta, por exemplo, que não receberam o cânhamo em sua fundação, mostram sinais de degradação mais avançados que Ellora. Lá os insetos foram responsáveis por 25% dos danos à pintura, o que não aconteceu aos templos feitos com cannabis.
Isso porque a planta é conhecida pela sua capacidade de regular a umidade no interior das cavernas, além da sua resistência maior à pestes.
As fibras do cânhamo também são úteis para retardar tanto a propagação de fogo como a infiltração de água. Propriedades que pareciam ser bastante conhecidas pelos moradores da região.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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