Com potencial para ser um dos maiores commodities do Brasil, matéria prima da cannabis projeta receita de até R$ 4,9 bi, mas esbarra em tabus
Foto: Reprodução / Freepik
Com o declínio da industrialização, causado por seus impactos ambientais severos, é o mercado agro quem tem garantido a receita bruta brasileira através da produção e exportação em larga escala de commodities, ou seja, matérias primas agrícolas. Por isso, muito se diz que o futuro da economia nacional está na potência da agricultura.
Segundo uma pesquisa realizada em 2021 por engenheiros agrônomos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o Brasil é responsável por cerca de 10% da produção mundial de trigo, soja, milho, cevada, arroz e carne bovina.
A pesquisa conclui genericamente que estaríamos alimentando 10% da população mundial, (cerca de 800 milhões de pessoas – incluída a população nacional), mas se engana quem pensa que esta conta se fecha simplesmente assim.
Uma reportagem do portal investigativo O Joio e O Trigo aponta que estes números desconsideram contextos sociais importantes como desigualdades de consumo, os desperdícios da cadeia produtiva e a insegurança alimentar.
O fato é que, sendo ou não responsável por grande parte da alimentação mundial, a cadeia produtiva do agronegócio brasileiro tem sido cada vez mais protagonista da economia do país, e é neste contexto que o cânhamo vem ganhando destaque.
O cânhamo é a matéria prima industrial da cannabis. Deste commodity se originam muitos produtos canábicos. O mais comum deles é o CBD (canabidiol), de grande utilidade terapêutica para o tratamento de doenças como epilepsia, Alzheimer e dores crônicas.
Mas a versatilidade desta planta vai além. Do caule é possível extrair as fibras para a produção têxtil, das folhas pode-se produzir papel, embalagens e até fibra de vidro, e as sementes são grandes fontes de proteína.
Em uma entrevista para o portal financeiro Money Times, Maria Eugênia Riscala, CEO da Kaya Mind, uma empresa especializada em análise do mercado canábico, apontou que, com a regulamentação da produção, o cânhamo no Brasil poderia chegar a mais de 15 mil hectares de área plantada, e rentabilidade de R$ 4,9 bilhões, arrecadando R$ 330,1 milhões em impostos.
Maria Eugênia ainda apontou as características que fazem o cânhamo ser tão atrativo. “O cânhamo utiliza muito menos água que outras culturas, além de ser forte, resistente ao vento e acostumada a nascer em qualquer lugar”, avaliou.
A estigmatização é frequentemente utilizada como justificativa para o atraso brasileiro na produção de cânhamo. Desde 2015, o projeto de lei Nº 399 tem por objetivo normatizar o cultivo de cânhamo para fins industriais e medicinais, mas até agora está aguardando deliberação do recurso na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
No entanto, em 2023 a pauta tem avançado. Em março, o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) aprovou uma proposta que atribui a si mesmo o poder de decisão sobre o cultivo de cannabis para fins medicinais e industriais. Depois disso, o Ministério da Justiça endossou o documento com uma nota técnica.
Além dos poderes judiciários, órgãos da saúde também estão se posicionando positivamente. No início do ano, a Ministra da Saúde Nísia Teixeira testemunhou a favor dos tratamentos de saúde à base de canabidiol (CBD).
Antes de assumir o Ministério, Nísia era presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que, na última quarta-feira (19), divulgou uma nota técnica que mostra as evidências científicas mais recentes sobre a cannabis medicinal.
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Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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