Uma pesquisa em andamento na África do Sul estuda a plantação de cânhamo para limpar o solo em áreas tóxicas de ex-mineração de ouro altamente poluídas que estão abandonadas.
As terras próximas a Joanesburgo, na província de Gauteng, estão comprometidas há mais de 130 anos por práticas de mineração irresponsável. Localizadas na Bacia de Witwatersrand, são um total de 400 quilômetros que um dia foram um dos maiores depósitos de ouro do mundo.
A drenagem ácida da mina resultou em concentrações de metais pesados no solo, que podem ser bastante prejudiciais tanto para humanos quanto para animais. Há pelo menos 380 áreas com níveis elevados de metais tóxicos e radioativos, incluindo arsênio, cádmio, cobalto, cobre, zinco e urânio.
O estudo realizado na Universidade de Witwatersrand é do aluno de mestrado Tiago Campbell, que cursa ciências ambientais. Até o momento, a sua pesquisa confirmou que o cânhamo é um “hiperacumulador”.
Isso quer dizer que a planta acumula mais materiais pesados, comparado a outras plantas que também absorvem radiações. Em seu experimento feito em laboratório, quase mil mudas de cânhamo cresceram normalmente em solo poluído.
O autor ressalta que o cultivo pode impulsionar a atividade econômica da região. O cânhamo colhido não poderia ser utilizado na área alimentícia e nem medicinal, mas poderia ser aproveitado na produção de bioplásticos, têxteis e materiais de construção.
A planta nada mais é do que uma subespécie da cannabis sativa que possui apenas 0,3% de tetraidrocanabinol (THC), componente que gera os efeitos psicoativos da maconha. As suas fibras são bastante usadas na indústria, sobretudo na produção de tecidos e cordas.
Ela também é utilizada para limpar o solo. Isso porque as suas raízes ajudam a remover os metais e produtos químicos do solo. A planta foi usada inclusive para ajudar a limpar o vazamento nuclear de Chernobyl.
Darshil Shah, pesquisador sênior do Centro de Inovação de Material Natural na escola de Cambridge, Inglaterra, afirma que plantações de cânhamo são um dos melhores conservantes de dióxido de carbono que temos, e podem absorver ainda mais do que as florestas.
Tanto é que no começo de 2021, o Reino Unido anunciou a utilização da planta para uma recuperação ambiental no país.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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