Mais uma vez o famoso canabidiol, mais conhecido como CBD está ganhando seu espaço na medicina, através de seus benefícios e resultados. Dessa vez ele está sendo testado e estudado para o uso em crianças. Ficou curioso? Vamos entender melhor.
Geralmente, o óleo de CBD é considerado e promovido como uma cura milagrosa, com benefícios que vão desde melhora do humor e do apetite até mobilidade, que pode ser usado em tratamento de autismo em pacientes pediátricos. Um novo teste clínico feito pela Universidade da Califórnia em San Diego está buscando a resposta definitiva e pedindo por voluntários.
O canabidiol (CBD) é um ingrediente que não é intoxicante e pode encontrado nas plantas industriais de cânhamo. Esse composto tem sua diversas formas de uso, como pílulas, tinturas, comestíveis e muito mais.
O composto foi o primeiro a ser descoberto por cientistas na década de 1960. De acordo com a British Journal of Pharmacology, não foi estudado como uma substância benéfica até a década de 1980, quando os cientistas descobriram reações entre o sistema endocanabinóide e o CBD.
Apesar de muitos sugerirem que o canabidiol pode ser útil para crianças que sofrem de Transtorno do Espectro do Autismo (ASDS), dois estudos publicados no final de 2010 sugeriu que pode haver algum benefício real do composto. O primeiro estudo foi publicado em 2018 pelo revista especializada Frontiers in Pharmacology. Na pesquisa, um grupo de 53 crianças israelenses com idade de cerca de 11 anos receberam óleo de CBD de seus pais, por meio da instrução de uma enfermeira.
Em dois meses, os pacientes relataram mudanças positivas no progresso das crianças. A autolesão e os ataques de raiva diminuíram, cerca de dois terços dos pacientes. A hiperatividade foi reduzida em 64,4% e o sono melhorou em quase três quartos do grupo.
Embora os especialista tenham observado que o CBD poderia melhorar os comportamentos, outros testes são necessários para determinar os efeitos ao longo do tempo.
O segundo estudo de pequena escala foi publicado em 2019 pela Frontier in Neurology, focado em 15 crianças, incluindo cinco pacientes com epilepsia. Depois de usar o CBD por nove meses, aqueles que continuaram ao longo do teste experimentaram melhorias de comportamento nos sintomas relacionados a hiperatividade, transtorno de déficit de atenção, déficits de interação social e insônia.
Enquanto 10 dos 15 pacientes foram capazes de usar o CBD junto com seu plano de medicação atual. Nove continuaram a apresentar melhorias, mesmo após a redução ou suspensão de outros medicamentos. Os pesquisadores declararam que os resultado foram “muito promissores“ de que o canabidiol poderia ser eficaz no tratamento dos sintomas de Autismo ou os Transtornos do Espectro Autista (TEA).
Os testes clínicos da UCSD tem como foco pacientes entre 7 a 14 anos de idade, que sofrem de problemas comportamentais extremos, associados com o transtorno do espectro de autismo. Apesar dos estudos menores tenham focado na melhoria de comportamentos entre crianças que sofrem de TEA, o estudo UCSD é o primeiro teste clínico da fase 3 a registrar ganhos ou perdas reais usando um tratamento com canabidiol.
“Estudos usando animais têm mostrado que o CBD tem efeitos semelhantes: os neurotransmissores excitatórios são inibidos, causando uma redução dos déficits comportamentais e sociais caracterizada por ASD“, disse Doris Trauner, MD, Professor de Neurociências e Pediatra na Universidade de Medicina de San Diego.
“O CBD pode ter um poder incrível para tratamento de muitas debilidades neurológicas, mas existe um interesse particular no autismo por causa dos problemas comportamentais que podem ser graves e limitar as capacidade da criança de aprender e se socializar.”
Em estudos anteriores, não associados a crianças que sofrem de TEA, o canabidiol interage com as partes do cérebro que regulam a ansiedade, a função executiva ou o comportamento.
O objetivo do estudo é determinar exatamente como o CBD interage com o candidados pediátricos e se pode ser usado como um tratamento eficaz para vários sintomas.
A primeira parte do teste clínico divide o tamanho da amostra de 30 em dois grupos. Um grupo toma CBD, enquanto outro consome placebo. Ambos recebem dados em gotas com sabores, administradas por seu país
Depois de um tempo, os grupo são trocados e observados. Como acontece com todos os teste clínicos, os pesquisadores não sabem quais recebem o CBD ou placebo até o final do estudo.
Como uma parte do estudo, todos os pacientes recebem testes comportamentais, exame de ressonância magnética e eletroencefalogramas. Os pacientes que recentemente sofrem com epilepsia e ASDs não se qualificam para fazer parte do grupo de estudo.
Se o estudo for bem-sucedido, a pesquisa pode ser avaliada pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos para criar um novo medicamento para o tratamento de ASDs. De acordo com a UCSD, o autismo afeta uma em 68 crianças e ocorre com mais frequência entre os meninos.
Um dos principais benefícios de pesquisar o óleo de CBD de espectro total em vez do uso tradicional da cannabis é que não dá ao assuntos de testes a conhecida sensação de “euforia“. Como padrão industrial, mesmo orgânico, o espectro completo de CBD não pode conter mais de 0.3% de THC por peso seco.
Embora isso seja suficiente para ajudar o canabidiol a ser absorvido pelo corpo, a quantidade não é suficiente para criar efeitos “altos“, ou causar uma falha nos testes de drogas para o uso de maconha
De acordo com a UCSD, o canabidiol é “um dos mais de 100 composto chamados de canabinóides”, todos que interagem com o sistema canabinóide interno. A pesquisa sugere que o CBD interage principalmente com o sistema endocanabinóide que regula “diversos processos psicológicos e cognitivos e responde ao estresse.”
Se o ensaio clínico de fase 2 obter sucesso, o CBD pode potencialmente ser aprovado para tratamento de ASDs pela FDA. E isso seguiria um precedente definido para a aprovação do Epidiolex pela agência.
Em 2018, o FDA aprovou o Epidiolex (produto a base de canabidiol) nos Estados Unidos, depois que os ensaios clínicos mostraram melhora em pacientes de duas formas raras e graves de epilepsia pediátrica: a síndrome de Lennox-Gastaut e a síndrome de Dravet.
Em três estudos clínicos controlados por placebo com mais de 500 pacientes, o tratamento com CBD se mostrou eficaz, reduzindo o número de convulsões dos pacientes, quando usavam em conjunto com outros medicamentos prescritos.
Referências
Bruno Oliveira
Tradutor e produtor de conteúdo do site Cannalize, apaixonado por música, fotografia, esportes radicais e culturas.
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