O laboratório de Zuardi, da USP de Ribeirão Preto, foi o primeiro do mundo a demonstrar os efeitos calmantes do canabidiol e também antipsicóticos lá na década de 1970 e 1980, quando as propriedades terapêuticas da cannabis ainda não eram tão conhecidas como hoje.
E as pesquisas sobre o canabinóide não ficaram no passado, até hoje a universidade é a instituição que mais publica estudos científicos sobre canabidiol no mundo, principalmente na área de neurociência. Ela fica na frente de países como Reino Unido, até de Israel, o país que descobriu o canabidiol.
Os estudos sobre o CBD começaram a ser frequentes a partir de 2008, depois da criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT). O novo campo abriu caminho para parcerias com indústrias e outros institutos de pesquisas internacionais, como a Universidade Hebraica de Jerusalém e o professor Raphael Mechoulam, considerado a maior autoridade de canabinóides do mundo.
O grupo da USP também participou ativamente das discussões sobre o uso e regulamentação do canabidiol com o Conselho Federal de Medicina.
Aproveitando este conhecimento, a brasileira Prati-Donaduzzi, empresa que lançou o primeiro produto à base de canabidiol do Brasil no mês passado, firmou uma parceria com a universidade ainda em 2014, acordo que gerou um ganho também para a USP.
A empresa forneceu recursos para o desenvolvimento das pesquisas, além de um prédio de dois andares previsto para ser entregue este ano que será chamado “Centro de Pesquisa em Canabinóides”.
O produto final aprovado pela ANVISA, que foi parar nas farmácias já no começo de maio, é uma mistura de CBD puro, extraído da cannabis importada (pois no Brasil é proibido plantar), e óleo de milho. A fórmula foi patenteada pelos cientistas da USP junto com a empresa e não possui THC.
A ANVISA aprovou o fitofármaco como produto porque alegou não ter estudos clínicos suficientes para virar medicamento. Então, a parceria está realizando um ensaio para testar a eficácia do CBD. A pesquisa possui três fases e é feita com 110 crianças com epilepsia refratária.
O estudo dividiu as crianças entre as que receberão o remédio e o placebo, além de comparar os efeitos com o tratamento convencional. Os cientistas esperam resultados já no ano que vem.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduada na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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