Quando falamos de música e maconha, talvez canções como “Verdinha” da Ludimila ou até “Nobody’s Love” do Maroon 5 venham à sua cabeça. Contudo, a relação entre a cannabis e os ritmos musicais é bem mais antiga.
Para se ter uma ideia, a cannabis é domesticada há cerca de 12 mil anos, o que indica que ela fez parte de muitas culturas ao longo dos tempos. Por isso, não é de se estranhar que ela tenha alguma relação com a música.
Como na década de 1930, por exemplo, quando os Estados Unidos proibiu a planta no país. O intuito era marginalizar negros e latinos, mas a prática gerou resistência através da música.
Na época, os músicos de jazz utilizavam maconha para relaxar e perder a noção do tempo, o que também resultava em improvisações que marcaram o gênero musical. Contudo, os bares onde eles tocavam, iam todos os tipos de pessoas.
Na tentativa de fazer com que os brancos deixassem de ir, Harry Anslinger, um comissário de narcóticos do governo na época, começou a encarcerar sobretudo negros pelo uso da maconha.
O mesmo movimento se repetiu através de novos gêneros, como o hip hop e o rap, em que artistas utilizam a maconha para a criação. O que é possível enxergar até os dias de hoje, com artistas como Snoop Dog, Jay Z e Planet Hemp
A maconha também foi utilizada em diversas culturas como uma maneira de “abrir a mente” para novas percepções espirituais.
Ela é considerada até hoje uma das cinco plantas mais sagradas do hinduísmo, e significa uma fonte de alegria e libertação para afastar os medos que percorrem a vida, na religião.
No Rastafari, por exemplo, religião com origens jamaicanas, a cannabis se mistura ao reggae, se tornando bastante popular entre artistas como Bob Marley, Bunny Wailer e Peter Tosh.
Com uma história bastante parecida com a americana, o Brasil também proibiu a maconha na década de 1920, quando o uso passou a ser cada vez mais comum em centros urbanos.
Isso porque ela costumava ser utilizada mais comumente em rodas de samba, capoeira e também por religiões afro americanas, como a Umbanda.
Com influências na propaganda anti-maconha dos Estados Unidos, criou-se a Delegacia de Costumes, Tóxicos e Mistificações (DCTM) no governo de Getúlio Vargas, que reprimia tanto as rodas de danças e ritos de umbanda, quanto os negros que consumiam maconha.
O que consequentemente criou nos dois países um preconceito e uma estigmatização da cultura negra.
Nos últimos anos, muitos artistas têm se posicionado para a quebra desses paradigmas, em que pedem a legalização da planta.
Discurso que se estendeu para outros gêneros musicais, como rock, pop e funk. Os músicos pedem o fim da marginalização da erva e da criminalização, sobretudo das populações mais vulneráveis.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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