A importância de um tratamento canábico multidisciplinar 

A importância de um tratamento canábico multidisciplinar 

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Para todo o tipo de tratamento, apenas uma receita médica não vai ajudar o paciente a se recuperar da melhor forma. Com a cannabis é igual

A importância de um tratamento canábico multidisciplinar

A importância de um tratamento canábico multidisciplinar
Foto: envatoelements

Se você está lendo este texto, já deve ter ouvido falar do tratamento multidisciplinar, não é mesmo? Trata-se de um conceito utilizado para se referir a um tratamento que envolve não só o médico, mas também vários outros profissionais.

O médico até faz o diagnóstico e a prescrição, mas o trabalho não acaba por aí. O paciente ainda é acompanhado por um enfermeiro, um fisioterapeuta, um nutricionista e por aí vai. 

Bastante utilizado em pessoas com autismo, por exemplo, o tratamento multidisciplinar é essencial quando falamos em cannabis também. Entenda.

De um especialista para o outro

Conversamos com o enfermeiro chefe da Cannect, Sandro Oliveira, que nos ajudou a entender melhor como funciona o tratamento multidisciplinar. Ele coordena o Cannect Cuida, uma rede de cuidado coordenado que acompanha mensalmente pacientes que utilizam a cannabis medicinal.

Oliveira explica que o acompanhamento multidisciplinar é tão importante quanto passar com um médico, pois quando outros profissionais acompanham o paciente de perto, em suas áreas de atuação, podem desenvolver o que o médico não pode. 

 “Um fonoaudiólogo, por exemplo, tem uma atuação muito específica quanto ao paciente, coisa que o médico não consegue nem acompanhar e nem tão pouco dominar a prática.” explica.

Outro exemplo é o próprio enfermeiro, que acompanha de perto o paciente durante todo o tratamento e entende se ele está tomando as medicações, se desenvolveu algum efeito colateral e a evolução desse paciente.

E esse processo multidisciplinar não precisa necessariamente começar do médico. Toda vez que uma das equipes entende a necessidade de outro tipo de especialidade, ela precisa acioná-lo. 

Tratamentos agudos

O enfermeiro-chefe explica que, por mais que esse tipo de tratamento seja mais conhecido em pessoas com condições crônicas, como pacientes com autismo ou fibromialgia, é mais utilizado em pessoas com problemas pontuais e ou agudos. 

“Em determinadas situações nós entendemos que a psicologia seria fundamental para um paciente que tem baixa adesão ao tratamento. Então ela vai fazer algumas sessões para que esse paciente volte a ter uma melhor adesão”, exemplifica.

Ou então em um acidente, em que o fisioterapeuta terá um papel tão importante quanto  o do médico para a recuperação. 

A medicação no tratamento multidisciplinar

Quando falamos em medicações, a situação não muda. Embora seja o médico que prescreve o remédio, o acompanhamento de outros profissionais também será importante para que aquele tratamento dê certo. 

O enfermeiro-chefe explica que o nutricionista, por exemplo, irá perceber se a quantidade de gordura ingerida está ajudando ou atrapalhando a metabolização de um remédio. 

“Já  o farmacêutico consegue fazer a interação medicamentosa, coisa que um enfermeiro, um médico e outros profissionais não conseguem fazer. Ele tem o conhecimento técnico para entender que tal medicação vai potencializar a medicação Y ou ela vai inibir a medicação X.”, acrescenta.

Cannabis medicinal e o corpo humano

A cannabis medicinal é um tratamento que vem se destacando no Brasil, principalmente por atuar em quase todo o organismo e a auxiliar em uma série de condições diferentes.

Isso porque ela trabalha através do Sistema Endocanabinoide, um sistema que atua em nível molecular ajudando a restaurar a homeostase, ou seja, o equilíbrio de várias funções do corpo humano. 

Funciona assim: O nosso organismo produz canabinoides, que sinalizam quando algo está errado e precisa ser corrigido. A cannabis também produz as substâncias, que podem trabalhar de forma similar e servir como uma espécie de reforço aos nossos. 

Por outro lado, não há uma padronização na dosagem como os remédios convencionais. Enquanto uma dipirona irá servir para todo mundo, por exemplo, o tipo de óleo e a dose irão variar de acordo com a idade, peso e condição tratada do paciente.

Cannabis e o tratamento multidisciplinar

Quando falamos em fitoterápicos, a ação ainda costuma demorar um pouco mais, o que pode deixar os pacientes desacreditados quanto ao tratamento. A falta de um acompanhamento também é um fator que influencia resultados menores do que o esperado.

“Eventualmente a gente escuta: ‘Iniciei o tratamento, mas não estou tendo resultado. Mas por que?’ Não era somente a cannabis. Ele precisava de algo mais”, acrescenta. “O paciente não percebe que precisa de outros cuidados e acaba culpando o elo mais fraco: a medicação”.

Oliveira exemplifica com uma pessoa que sofre de fibromialgia. Além das dores, a pessoa ainda pode desenvolver problemas psicológicos, que também precisam ser tratados. 

Portanto, o tratamento multidisciplinar é tão necessário quanto a cannabis medicinal para potencializar os efeitos.

Conversar com um enfermeiro que entenda sobre cannabis medicinal,  por exemplo, também pode ajudar o paciente a compreender melhor o seu tratamento. 

“Muitas vezes esse paciente não consegue compreender muito o que o médico fala e a gente tem que pegar na mão. Olha, é assim, é assado, não use bebida alcoólica durante esse tempo, não beba água na medicação. A presença desse profissional  é a garantia que esse tratamento terá continuidade”, conclui.

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