Entenda o que é hemp, como ele difere da maconha e os riscos dos produtos “CBD-like” que não contêm canabinoides.
O que é hemp? Diferenças entre cânhamo e maconha
Você já se deparou com produtos que se dizem “hemp” ou com rótulos como “cerveja de maconha”? Apesar da semelhança com a cannabis psicoativa, nem sempre esses itens contêm canabinoides ou oferecem os mesmos efeitos. Entender a diferença entre cânhamo (hemp) e maconha é essencial para evitar confusões e decisões mal informadas.
Tanto o cânhamo quanto a maconha vêm da planta Cannabis sativa L.. A principal diferença está na quantidade de THC (tetrahidrocanabinol), o composto responsável pelos efeitos psicoativos.
No Brasil, o cânhamo é definido como a planta de cannabis com menos de 0,3% de THC. Já a maconha possui níveis mais altos dessa substância, sendo enquadrada como entorpecente pela legislação. Em termos genéticos, as duas variedades pertencem à mesma espécie, mas foram selecionadas ao longo do tempo para fins diferentes: o cânhamo para uso industrial e a maconha para fins medicinais ou recreativos.
O cânhamo é extremamente versátil. A planta pode ser usada quase por completo: sementes, fibras e caule possuem aplicações diversas. Confira os principais usos:
Alimentos: as sementes de cânhamo são ricas em proteínas e ácidos graxos essenciais, como ômega-3 e ômega-6.
Cosméticos: o óleo extraído das sementes é usado em cremes, sabonetes e hidratantes.
Têxteis e construção: suas fibras são resistentes e sustentáveis, sendo aproveitadas para fabricar tecidos, bioplásticos e até blocos de construção.
Suplementos: alguns produtos utilizam extratos da planta com baixo teor de canabinoides.
Por ter baixo THC, o cânhamo não causa efeitos psicoativos. No entanto, ainda enfrenta restrições regulatórias no Brasil, apesar do seu grande potencial econômico.
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Planta de cânhamo de alta produção
O cultivo do cânhamo ainda não é permitido em território nacional. Isso cria uma limitação para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva sustentável e acessível. Produtos feitos com cânhamo ou seus extratos podem ser importados ou vendidos no país, desde que sigam normas específicas da Anvisa e de outros órgãos reguladores.
Recentemente, o Congresso Nacional voltou a discutir projetos de lei que tratam da regulamentação do cânhamo industrial. O setor vê com bons olhos a possibilidade de legalizar o cultivo, especialmente para fins não medicinais.
Nos últimos anos, o termo hemp passou a estampar rótulos de diversos produtos vendidos no Brasil.
Além disso, cosméticos de hemp, suplementos e até bebidas, como as chamadas cervejas de cannabis ou cervejas com terpenos, prometem oferecer os benefícios da planta — mas sem os efeitos do THC.
Apesar do nome chamativo, essas cervejas não contêm cannabis.
Cerveja e seu ingrediente principal: o lúpulo
Em vez disso, os fabricantes enriquecem esses produtos com terpenos isolados — compostos aromáticos que também estão presentes na planta da maconha. Esses terpenos são responsáveis por reproduzir aromas como pinho, cítrico ou terroso, muito associados à cannabis do tipo sativa sativa. Alguns rótulos chegam a usar termos como “maconha sativa”, o que pode causar confusão entre os consumidores.
Marcas de cosméticos e suplementos costumam rotular seus produtos como CBD-like. Essa expressão sugere que o efeito seria semelhante ao do canabidiol, mas na prática, muitos desses itens não contêm CBD nem outros canabinoides.
O que, geralmente, oferecem são ingredientes como óleo de semente de cânhamo, vitaminas ou terpenos — com propriedades limitadas e evidência clínica escassa.
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Esse uso indevido da imagem da cannabis é conhecido como weedwashing. O termo se refere a estratégias de marketing que exploram o apelo visual e o vocabulário da cannabis medicinal para atrair consumidores, mesmo sem entregar o que se espera. Uma reportagem da Cannalize alerta para os riscos desse tipo de prática: além de enganar o consumidor, ela pode comprometer a credibilidade do setor e gerar falsas expectativas sobre os efeitos do produto.
Antes de comprar qualquer produto com rótulo “hemp”, vale observar:
Contém canabinoides? Nem todo item com aparência canábica possui CBD ou THC.
Qual é a origem? O produto foi importado com autorização da Anvisa ou é apenas um cosmético comum?
As alegações são respaldadas? Evite itens que prometem efeitos terapêuticos sem comprovação científica.
Por isso, o termo “hemp” pode englobar uma gama de produtos legais e úteis — desde que, é claro, estejam devidamente identificados e utilizados com responsabilidade. Saber diferenciar cânhamo industrial de cannabis psicoativa é fundamental para evitar equívocos e não cair em armadilhas de marketing. Assim, embora o mercado esteja em expansão, ele ainda exige atenção, regulamentação e, acima de tudo, educação do consumidor.
Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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