A pesquisa analisou mais de 100 produtos importados ou vendidos nas farmácias. A maioria possui uma rotulagem de produtos inadequada
Estudo aponta falhas na rotulagem de produtos de CBD
De acordo com um estudo pioneiro feito pela Universidade de Brasília, há deficiências significativas na rotulagem de produtos de cannabis comercializados no Brasil. Problemas que podem comprometer a segurança dos pacientes e prescritores.
O estudo analisou 105 produtos autorizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sob duas regulamentações: a RDC 327/2019, que permite a venda em farmácias e a RDC 660/2022, que regula a importação individual.
O estudo destaca que a maioria dos produtos à base de CBD (canabidiol) no mercado brasileiro possui rotulagem inadequada. A falta de informações claras sobre concentração de princípios ativos, modo de uso e testes laboratoriais compromete a confiança dos profissionais de saúde e dos pacientes.
De acordo com um dos pesquisadores do estudo, Renato Filev, a intenção foi analisar as informações cedidas nos rótulos dos produtos a fim de avaliar domínios de informações para prescritores, de boas práticas de fabricação, da composição e de informações para os consumidores.
“O que buscamos foi trazer um resumo dos produtos e identificar possíveis lacunas que podem servir para melhorar a informação trazidas à população”, acrescentou.
Á princípio, foram analisados 148 produtos. Contudo, durante a etapa de busca de informações, 32 deles não foram encontrados nos sites dos fabricantes ou representantes. Alguns deles não tinham sequer informações necessárias para a seleção inicial.
Com os 105 restantes, os pesquisadores desenvolveram um sistema de pontuação baseado em 45 critérios distribuídos em quatro domínios: prescrição, boas práticas de fabricação (BPF), testes laboratoriais e segurança de uso.
Cada critério recebeu um peso de 1 a 3, conforme sua relevância para a segurança do usuário e do prescritor.Os pesquisadores coletaram as informações em sites e por e-mail com fabricantes e representantes dos produtos.
Dos produtos avaliados, 47 foram classificados como “satisfatórios”, 39 como “não muito satisfatórios” e apenas 19 como “muito satisfatórios”.
Os produtos regulados nas farmácias, apresentaram informações mais acessíveis e completas, especialmente nos domínios de prescrição e segurança de uso, em comparação aos produtos importados sob a RDC 660/2022.
Dessa forma, os autores enfatizam a necessidade urgente de aprimorar as regulamentações e a fiscalização sobre a rotulagem desses produtos, visando garantir a segurança dos usuários e a eficácia dos tratamentos.
Além disso, sugerem que futuras pesquisas analisem o controle físico-químico e microbiológico dos produtos disponíveis no mercado. Bem como incentivem ensaios clínicos para comprovar sua segurança e eficácia.
“Acredito na necessidade de ampliar as formas de acesso e sobretudo garantir o cultivo nacional, produção de insumos e produtos no Brasil, para aumentar a qualidade, reduzir o custo ao consumidor final, favorecer pesquisas acadêmicas e inclusive competir no mercado internacional.”, acrescenta Filev.
Países como Estados Unidos e Canadá classificam os produtos de cannabis como suplementos e não como medicamentos. Embora algumas marcas elevem os produtos a um nível farmacêutico, não há regras claras que padronizem os produtos com foco no medicinal.
Por outro lado, o pesquisador Renato Filev não acredita que o problema esteja na cannabis como suplemento. Mas na transparência das empresas sobre a formulação deles.
“Suplementos são bem-vindos, assim como insumos farmacêuticos ativos, os medicamentos fitoterápicos, produtos tradicionais fitoterápicos e os produtos artesanais, provenientes de associações, cooperativados, ou do cultivo pessoal. Todos têm seu espaço e necessitam de aprimoramento, reconhecimento, regulamentação e incentivo.” Argumenta.
Para ele, o ideal para o Brasil seria fortalecer essencialmente a produção orgânica familiar, os arranjos produtivos locais e farmácias vivas. Além da participação das universidades e do governo na organização do cultivo e manejo da cannabis medicinal.
É possível comprar cannabis no Brasil, mas apenas para fins medicinais e com receita. Você pode adquirir através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.
Por isso, caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas. Além de auxiliar desde a achar um prescritor até o processo de compra do produto através da nossa parceira Cannect. Clique aqui.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduada na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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