Através de uma análise sobre comportamentos específicos, uma recente pesquisa evidenciou o poder do uso medicinal da cannabis para o tratamento de crianças com autismo.
Um estudo publicado pela farmacêutica australiana Neurotech, no começo deste mês, mostrou resultados animadores sobre o tratamento com cannabis medicinal para crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Nos testes realizados, a pesquisa constatou que 93% dos voluntários obtiveram uma melhora significativa em diversos aspectos característicos dessa condição.
O índice corresponde apenas à primeira etapa do processo. A tendência é que ele siga por mais 54 semanas, com o objetivo de criar novas fases e acompanhar os pacientes do experimento.
Autismo: O que é, Tipos, Causas, Sintomas e Tratamentos
A pesquisa durou cerca de um mês, com a presença de 14 crianças entre oito e 17 anos, todas com nível II e III de TEA.
Os testes foram feitos a partir de doses diárias de um medicamento feito com a cepa de cannabis NTI164, produzida pelo próprio local.
A primeira fase do processo foi projetada para avaliar a ação do composto em regime de escalonamento de dose e na sua interação com as partes ligadas ao comportamento, foco e parâmetros cognitivos das crianças.
Ele foi o primeiro produto canábico de espectro completo (menos de 0,3% de THC – Tetrahidrocanabinol) a ter sucesso nesse tipo de estudo.
O experimento foi positivo para o tratamento de boa parte das crianças, já que gerou evoluções nos tratamentos e não trouxe nenhum efeito contrário para elas.
Após a conclusão dos testes, 64% dos voluntários apresentaram progressos significativos em aspectos como ansiedade, participação, irritabilidade, hiperatividade e humor.
Outros 29% mostraram alterações mínimas nos quesitos, enquanto 7% não tiveram evoluções.
A pesquisa ainda evidenciou dois casos de remissão completa da complicação, ou seja, dois pacientes que apresentaram melhoras em todos os sintomas analisados.
O tratamento com a cannabis para o autismo é cada vez mais explorado. Nos últimos anos, diversas pesquisas surgiram para entender as capacidades medicinais da planta.
Entre 2018 e 2019, dois estudos analisaram o uso do Canabidiol (CBD) para as complicações do TEA em crianças.
Canabidiol no centro de nova pesquisa sobre autismo
O primeiro, publicado pela revista médica Frontiers in Pharmacology, reuniu um grupo de 53 jovens israelenses, que receberam dosagens do canabinoide. Em dois meses, foram relatados progressos em autolesão, hiperatividade, ataques de raiva e na qualidade do sono.
Já o segundo, de autoria do portal Frontier in Neurology, realizou testes com 15 crianças, incluindo cinco portadoras de epilepsia. Nove meses após a utilização do CBD, muitos deles apresentaram evolução em comportamentos de interação social, déficit de atenção, hiperatividade e insônia.
Pesquisadores brasileiros também mostram interesse no assunto. No ano passado, a Universidade Regional de Blumenau (Furb) obteve grandes avanços na redução de ansiedade em ratos com comportamentos autistas.
Estudo sobre cannabis e autismo têm resultados promissores
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Gustavo Lentini
Jornalista e produtor de conteúdo da Cannalize. Apaixonado por futebol e pela comunicação.
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