Toda essa desinformação pode ser perigosa e trazer consequências graves. É só lembrar do caso famoso da mulher do Guarujá, que foi linchada após seu rosto sair em uma página do Facebook como uma sequestradora de crianças. A mulher de 33 anos e mãe de dois filhos não resistiu e morreu dois dias depois das agressões.
Além dos casos isolados, outro efeito desastroso das fake News foi a volta do sarampo e da poliomielite. As doenças haviam sido erradicadas do país, mas por causa da desinformação elas voltaram a ser um problema não só em crianças que não foram vacinadas, mas também em crianças que ainda não tinham sido vacinadas.
A única maneira de combater a desinformação é tentar barrar e desmentir. O Ministério da Saúde, por exemplo tem adotado uma série de medidas, como disponibilizar canais de comunicação para que a população possa perguntar se algum boato é falso ou não, e o rastreamento de fake News.
A maconha, sendo tão polêmica, não fica de fora do alvo das notícias falsas, com informações insustentáveis e até preconceituosas. Pensando nisso, nós do Cannalize decidimos selecionar e desmentir oito mitos sobre a cannabis.
Muitos jovens e adolescentes cresceram ouvindo isso, e consequentemente, ficou na memória coletiva. Mas a verdade é que a cannabis não tem o poder de destruir neurônios. Diferente do álcool, lança perfume e até cola de sapateiro que tem um nível elevado de toxicidade.
A cannabis pode até alterar o funcionamento dos neurônios, mas não tem o poder de queimá-los.
Não, não é. Pelo menos é o que diz um estudo realizado pela Universidade de Pittsburgh. Os cientistas acompanharam 214 meninos com algum tipo de envolvimento com as drogas dos 10 aos 22 anos. No fim da pesquisa, não foi encontrada nenhuma relação entre a maconha e o consumo de outras substâncias posteriormente.
Uma curiosidade: A falta de vínculo dos pais com os seus filhos foi o fator mais influente para o envolvimento com as drogas.
Geralmente as pessoas pensam em alguém o dia inteiro na rua ou na pracinha, mas não é bem assim, A psiquiatra Delma Souza, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMT) realizou um estudo sobre o uso da cannabis por jovens de 10 a 20 anos no Cuiabá. Na pesquisa feita com 3 mil participantes constatou que 8,6% jovens com um trabalho já haviam usado maconha, contra 4,4% que não tinham um emprego.
Nos Estados Unidos, a cannabis é legalizada em quase todos os estados e a violência não mostrou um aumento por conta disso. Uma pesquisa publicada no The Economic Journal revelou que o número de crimes como roubo e assassinato diminuiu 12,5% próximos à divisa com México. Isso, porque com a venda da maconha em lojas, o tráfico diminuiu. Outro ponto é a qualidade da substância, a regularização da erva trouxe o benefício de usar um produto de origem segura.
A resposta também é não. O hospital de Rhode, na Columbia, decidiu fazer um estudo para saber qual seria o comportamento de jovens e adolescentes depois da legalização da maconha nos Estados Unidos. Mas logo depois da regularização, o número de consumo entre a faixa etária pareceu não ter sido afetado nem para mais e nem para menos.
A maconha pode causar dependência, mas a probabilidade é bem baixa. É consideravelmente menor que o álcool e a heroína.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a classificação da cannabis para induzir à dependência, está entre leve a moderada. Isso quer dizer que o vício pode se desenvolver quando o indivíduo consome altas doses frequentemente e por muito tempo. Mas dificilmente haverá a busca desesperada a qualquer custo da maconha.
A resposta também é negativa. Primeiro, que a maioria dos produtos são feitos com canabidiol (CBD), um composto da maconha que não gera efeitos psicoativos. O canabidiol tem uma estrutura parecida com os endocanabinóides, produzidos pelo próprio corpo humano, por isso, é tão aceito pelo organismo.
Segundo que os medicamentos feitos com o tetra-tetraidrocanabinol (THC), composto da maconha que tem o efeito alucinógeno, geralmente não levam mais que 0,2% nas fórmulas medicinais. Um remédio que usa mais que isso, só pode ser receitado se for o último caso e o paciente não tiver outra alternativa.
Fumar duas ou três vezes por mês, não afeta os pulmões. Mas usada de maneira mais saudável traz benefícios aos órgãos. Desde a década de 1970 já era estudado a relação anti-inflamatória da cannabis para o tratamento de asma.
No organismo, o canabidiol age como uma relaxante muscular, ajudando as vias aéreas a fornecer oxigênio aos pulmões e ao coração. Uma empresa americana lançou em 2016 uma bombinha para asma com canabinóides ativos, devido a sua eficácia.
A planta traz mais benefícios que malefícios se usada da maneira correta. É utilizada há mais de mil anos, possui mais de 200 compostos já descobertos e até hoje é estudada. Não é à toa que se tornou a erva mais famosa do mundo. No entanto, a sua fama veio carregada de preconceitos e mitos que por muitas vezes, sobressaíram os seus efeitos benéficos.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
Inscreva-se grátis na nossa Newsletter!
Copyright 2019/2023 Cannalize – Todos os direitos reservados
Solicitação de remoção de imagem
Termos e Condições de Uso