O uso medicinal da planta tem substituído uma série de remédios no mercado. Contudo, o acompanhamento médico é necessário
O uso da cannabis tem crescido no país, principalmente por ser uma opção terapêutica com menos efeitos colaterais e por muitas vezes, mais efetiva também. Há várias histórias reais de pessoas que deixaram de usar medicações convencionais para ficar só com a cannabis.
A substituição de remédios por produtos feitos com a planta é feita principalmente na troca de anticonvulsivantes e antidepressivos, pois pode influenciar os mesmos mecanismos dos remédios.
A cannabis atua no SEC (Sistema Endocanabinoide), um sistema que funciona à nível molecular ajudando a restaurar a homeostase, ou seja, o controle de várias funções do organismo.
Se uma pessoa está com dor, por exemplo, este sistema envia os chamados canabinoides, substâncias produzidas pelo próprio corpo para regular o que estiver errado.
A parte boa é que a cannabis também possui canabinoides, como o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol), que podem trabalhar de forma parecida com os nossos.
Por isso, separamos cinco remédios que podem ser substituídos pela cannabis. Mas antes de tudo, é necessário ressaltar que essa troca é gradual e precisa ser acompanhada por um médico.
A sertralina é um dos antidepressivos mais usados no país, principalmente para tratar ansiedade. Atualmente, mais de 2 milhões de pessoas utilizam o remédio, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Trata-se de uma forma mais “evoluída” de antidepressivos, pois os efeitos colaterais são bem menores que outros medicamentos para a condição. Contudo, ainda possui efeitos adversos, como sonolência ou insônia, falta de memória, tontura e dores de cabeça.
A cannabis pode ser uma opção porque o SEC pode trabalhar como um neuromodulador para o Sistema Nervoso Central, capaz de regular aspectos emocionais, cognitivos, nervosos e processos motivacionais das pessoas.
Na depressão há uma baixa de canabinoides no cérebro, e o Sistema Endocanabinoide pode reequilibrar outros neurotransmissores, inclusive a serotonina, explica a neurologista Denise Lutfi Pedra, membro da Sbec (Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis).
Por isso, remédios que fazem a reposição de canabinoides podem elevar os níveis das substâncias químicas.
A fluoxetina nada mais é que um antidepressivo de segunda geração e que pertence a classe dos ISRS (Inibidores seletivos da recaptação de serotonina). Indicado para tratar depressão e ansiedade, ele pode aumentar a sensação de bem-estar.
Isso porque ele funciona elevando os níveis da serotonina, um neurotransmissor do cérebro relacionado aos sentimentos de satisfação e felicidade.
Aqui, a lista de efeitos colaterais da fluoxetina não é pequena. Para se ter uma ideia, mais de 10% dos pacientes sentem diarreia, náusea, fadiga, dor de cabeça, insônia, síndrome gripal, faringite e sinusite.
De acordo com o psiquiatra João Victor Lorenzetti, a cannabis pode gerar efeitos de tratamento similares à fluoxetina, por atuar na neurotransmissão e no SEC.
Embora o Dramin seja famoso por causar sonolência, ele foi feito para evitar enjoos, náuseas e vômitos. Mas muita gente tem usado o remédio para dormir.
A sonolência é um dos muitos efeitos colaterais do medicamento, que é usado em enjoos no começo da gravidez, em crises de labirintite, tratamento de radioterapia ou tonturas.
Ainda de acordo com a neurologista Denise Luft Pedra, Assim como o Dramin, a cannabis também possui uma ação antiemética, ou seja, também ajuda a aliviar sintomas de náuseas e vômitos.
Além do mais, a cannabis produz efeitos colaterais bem menores que o medicamento. Há até quem não sinta nenhuma mudança.
A doutora acrescenta que apesar de aliviar os sintomas, a cannabis não é um tratamento sintomático como o Dramin, mas ajuda a reequilibrar a homeostase, ou seja, o regular de várias funções do corpo.
Se você usa o Dramin para tratar a insônia, por exemplo, a cannabis pode ser usada com esta função também. Os canabinoides influenciam também em vários outros neurotransmissores, como a anandamida, dopamina, endorfina entre muitos mais que controlam a fome, o sono, humor, memória e por aí vai.
Talvez você não conheça este nome, mas a Mirtazapina é a principal composição presente no Remeron, Zispin, Avanza, Remergil, Menelat, Razapina e outros, usados para tratar depressão e ansiedade.
Trata-se de um antidepressivo que age diretamente na serotonina. Além da substância, a Mirtazapina também atua nos receptores de noradrenalina, outro neurotransmissor importante para o sistema nervoso central.
Por outro lado, o médico precisa pensar duas vezes antes de indicar a Mirtazapina aos pacientes, pois a medicação apresenta uma série de contra indicações e efeitos colaterais.A medicação em pacientes com esquizofrenia ou outros distúrbios psicóticos pode intensificar os sintomas, por exemplo.
Mas, para substituir esse medicamento pela cannabis, é importante ficar atento com algumas questões, como a noradrenalina. O neurotransmissor é o hormônio que mais influencia o humor, por isso é preciso ter cuidado, principalmente em relação à pressão arterial.
O clonazepam, mais conhecido como Rivotril, é um remédio utilizado para tratar várias condições, como transtornos psicológicos, espasmos e até crises epilépticas.Isso porque ele tem uma ação de anticonvulsivante e relaxante muscular.
Por outro lado, o Rivotril carrega uma série de efeitos colaterais, que podem ser até perigosos, como cansaço, distúrbios do sono e até diminuição da capacidade motora.
Por outro lado, a cannabis também pode substituir o clonazepam, pois além de atuar em problemas da mente, também ajuda a conter crises epilépticas, mesmo que refratárias, ou seja, de difícil controle.
O CBD, por exemplo, é capaz de controlar as descargas dos neurotransmissores, o que consequentemente pode reduzir tanto a intensidade das crises como a frequência das convulsões, segundo a neurologista.
Como dito antes, para substituir qualquer medicamento citado acima, é extremamente necessário o acompanhamento médico.
Também é importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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