A epilepsia é uma síndrome que acompanha mais de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Cerca de 2% da população brasileira é portadora da doença.
Estudos científicos estão apontando para a possibilidade de diminuição das convulsões com cannabis medicinal. Alguns medicamentos com CBD (canabidiol) têm se mostrado como soluções eficazes, principalmente para epilepsias refratárias, que são resistentes a medicamentos.
Um estudo divulgado em 2021 pelo Imperial College London demonstrou que os extratos de cannabis diminuem 86% das crises epilépticas em crianças. O instituto atendeu dez pacientes que sofrem com o tipo refrativo, ou seja, epilepsia resistente a medicamentos convencionais.
Além de uma redução na quantidade de convulsões, os pais dessas crianças relataram melhorias no bem-estar, na alimentação e na capacidade cognitiva.
Outra pesquisa conduzida pelo médico e especialista em epilepsia, Orrin Devinsky, analisou 225 pacientes com a síndrome de Lennox-Gastaut (uma doença rara que causa epilepsia, que representa 4% dos casos infantis). Os resultados constataram que houve alta redução na quantidade de crises após o uso do CBD.
No Brasil, a cannabis medicinal já era estudada para tratar convulsões desde a décadas de 1980. Os primeiros resultados foram descobertos pelo professor brasileiro Elisaldo Carlini, que analisou oito pacientes e percebeu redução ou pausa das convulsões em sete.
A epilepsia é uma doença que geralmente se manifesta a partir de convulsões, as quais partem de “sinais” incorretos e involuntários do cérebro.
Isso quer dizer que as “crises epilépticas” são causadas pelo mau funcionamento de uma ou mais partes do cérebro. Elas podem ser parciais ou generalizadas, e consequentemente afetar diferentes músculos ou terminações nervosas.
Dados da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) mostram que cerca de 10% da população mundial poderá ter alguma crise ao longo da vida.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, podendo ser aparentes ou não. Portanto, a gravidade das crises epilépticas não depende necessariamente da intensidade das convulsões.
As crises podem acontecer por diversos fatores, que variam de acordo com a idade ou genética dos portadores. Em crianças, algumas causas podem ser:
Já em idosos, as causas podem variar a partir de problemas de saúde que são presentes em pessoas com idade avançada. Algumas são:
Infelizmente, não existe um medicamento que possa deixar uma pessoa livre da epilepsia para o resto da vida. Porém, a medicina desenvolveu alternativas que conseguem diminuir o número de convulsões, oferecendo aos pacientes uma vida mais saudável.
Em um tratamento com canabidiol, as substâncias da planta agem em nosso organismo através do contato com o sistema endocanabinoide. Através dele, são geradas reações fisiológicas que podem melhorar as convulsões.
Você sabe o que é e como funciona essa componente do corpo?
Sabemos que o sistema nervoso é responsável por unir os estímulos cerebrais com o restante do corpo. Em outras palavras, ele permite que o corpo humano realize todas as ações motoras.
Já o Sistema Endocanabinoide faz uma espécie de papel intermediário: a comunicação entre o cérebro e o organismo.
De maneira geral, é o sistema de comunicação entre o cérebro e vários processos do organismo. Ele permite a coordenação entre as células, o que equilibra os comportamentos cognitivos e fisiológicos. Sem este sistema, não sentiríamos fome, dor ou estresse, por exemplo, já que ele faz a ligação entre as sensações externas e internas.
Os chamados endacanabinoides são produzidos pelo próprio corpo e trazem equilíbrio para o organismo. Isso ocorre quando algo sai do controle, ou quando algum agente estranho entra em contato com o interior.
No sistema nervoso, existem diversos receptores, mas dois deles são os mais conhecidos pela ciência: CB1 e CB2. Ambos sinalizam ao corpo quando algo está errado e precisa ser corrido.
Quando ingerimos o CBD, ele chega ao cérebro através da corrente sanguínea. Os canabinoides, que também estão presentes na cannabis, tornam nosso corpo ainda mais suscetível a sentir o que o sistema endocanabinoide já produz.
No caso das doenças, o canabidiol ajuda a regular nossas funções neurológicas, diminuindo dores e aceleração das transmissões nervosas, o que ajuda a diminuir as convulsões.
Em suma, a cannabis tem se mostrado cada vez mais eficaz para resolver problemas mais sérios, como a epilepsia.
O uso de cannabis medicinal no Brasil foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 2015. Porém, as medicações só são permitidas sob importação.
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