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THCP e CBDP: o que são?



25/03/2022



Apesar dos primeiros registros de prescrição medicinal da Cannabis remontarem há mais de 4000 anos atrás na China, foi nos anos 60 que, contrariando a tendência ocidental de criminalização de seu uso, estudos modernos sobre o tema, liderados pelo Prof. Dr. Raphael Mechoulam, foram realizados. 

 

Professor do Departamento de Química Medicinal e Produtos Naturais, da Escola de Medicina da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, ele e outros pesquisadores de diferentes países descobriram, então, os fitocanabinoides ao isolarem o canabidiol (CBD), em 1963, e o delta 9-tetrahidrocanabinol (THC) no ano seguinte. Embora o isolamento do CBD também seja associado a Roger Adams, o estudo de Mechoulam foi extremamente relevante ao identificar os receptores CB1 na membrana celular que explicavam a ação dos fitocanabinoides no Sistema Nervoso Central.

 

Desde então, foram descobertos outros inúmeros compostos isolados que resultam em uma lista extensa de mais de 100 potenciais canabinoides para uso medicinal. Além disso, a descoberta dos receptores CB2, em 1995, em células do sistema imunológico e em algumas células tumorais neoplásicas provoca um crescimento significativo no número de estudos sobre a aplicabilidade clínica dos canabinoides. Só na US National Library of Medicine National Institutes of Health, é possível observar um crescimento de mais de 600% no número de pesquisas científicas relacionadas à palavra cannabinoid referenciadas nos últimos 50 anos.

 

Um fator determinante para o progresso e complexificação dos estudos clínicos e acadêmicos da estrutura e efeitos da Cannabis foi o avanço de tecnologias, equipamentos e técnicas de análise. Um exemplo é a Espectrometria, que é usada para identificar compostos desconhecidos e sua estrutura química.

 

Essa tecnologia foi uma das que possibilitou, mais recentemente, a descoberta de dois novos fitocanabinoides, o THCP e o CBDP, por um grupo de cientistas italianos. Os nomes não são coincidência: foram dados por eles terem grande similaridade estrutural e funcional com o THC e o CBD. A maior diferença dos “primos” dos compostos já mais conhecidos consiste na existência de uma cadeia lateral de sete (7) carbonos na estrutura, no lugar das cinco (5) conhecidas até então.

 

Resultado da iniciativa conjunta de diferentes universidades italianas, os autores Cinzia Citti, Pasquale Linciano, Fabiana Russo, Livio Luongo, Monica Iannotta, Sabatino Maione, Aldo Laganà, Anna Laura Capriotti, Flavio Forni, Maria Angela Vandelli, Giuseppe Gigli e Giuseppe Cannazza publicaram o resultado de sua pesquisa em dezembro de 2019 no periódico Scientific Reports.

 

Embora muitas vezes razões legais dificultem o aprofundamento dos estudos da Cannabis, de acordo com os pesquisadores, a descoberta desses dois novos fitocanabinoides abre um novo caminho de pesquisa dos efeitos do uso medicinal no ser humano. A pesquisa, que tanto isolou naturalmente quanto preparou sinteticamente o THCP e o BCDP, comprovou que a estrutura mais alongada do THCP em relação ao THC, sete (7) e cinco (5) cadeias laterais de carbono, respectivamente, altera de maneira significativa o efeito sobre os receptores CB1. Segundo o estudo, o THCP é aproximadamente 30 vezes mais ativo no receptor CB1 do que o THC comum.

 

Ainda não se sabe exatamente se o CBDP apresenta alguma característica ou qualidade até então desconhecida, porém o THCP vem obtendo resultados promissores e é tido como o próximo grande campo de pesquisa relacionado aos efeitos farmacológicos da Cannabis.

 

Os estudos com base no THCP continuam incessantemente e prevê-se que ele será capaz de potencializar os efeitos do THC no tratamento de dores, náuseas e outros. E, mais, o THCP está auxiliando os cientistas a aprimorar o entendimento das diferentes cepas da Cannabis, suas particularidades e efeitos que elas possam causar. Com isso, seria possível desenvolver produtos cada vez mais apurados e direcionados para sintomas específicos, melhorando a eficiência e acessibilidade aos produtos pelos usuários.

 

Com esses resultados parciais animadores, uma coisa é certa: os benefícios do uso medicinal da Cannabis estão cada vez mais comprovados e ainda temos um vasto mundo de possibilidades para explorar nesse campo! Para conhecer melhor agende hoje sua consulta com um dos nossos médicos.

 

Fontes:

https://www.nature.com/articles/s41598-019-56785-1

https://www.nature.com/articles/s41598-020-79042-2

https://amame.org.br/cannabis-medicinal-hoje/

https://www.canapando.net/thcp-e-cbdp-scoperti-due-nuovi-fitocannabinoidi-in-italia/

https://adwacannabis.com.br/thcp-e-cbdp-novas-descobertas-sobre-a-maconha/

https://www.hypeness.com.br/2020/02/cientistas-descobrem-composto-de-maconha-30-vezes-mais-forte-que-thc/

https://cannalize.com.br/conheca-o-thcp-e-o-cbdp-estudos-revelam-a-identificacao-de-2-novos-canabinoides/

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Fernando Nicolay