Economia canábica: a legalização por trás de tudo

Economia canábica: a legalização por trás de tudo

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Em diferentes cenários pela regulamentação da erva, Brasil e Estados Unidos caminham em direções econômicas distintas. 

 

A luta pela legalização da cannabis continua firme e forte em todo o mundo. Em alguns locais os avanços são consideráveis, enquanto em outros ainda há receios com o tema. 

Esse quadro se encaixa perfeitamente nas situações de Estados Unidos e Brasil. 

No país norte-americano, a cannabis é legal em 36 estados. Além disso, tem um mercado em desenvolvimento e já planeja atingir lucros astronômicos nos próximos anos. 

Em contrapartida… 

Diferente dos Estados Unidos, a autorização para uso da erva em fins recreativos no Brasil parece algo distante. Até o momento, não há nenhum lugar em solo brasileiro que tenha essa permissão. 

Os problemas atingem também a parte medicinal. Recentemente, uma liminar que permitia o cultivo e o manuseio do grupo AMME MEDICINAL, responsável pelo tratamento de mais de 90 famílias, acabou sendo derrubada. 

Esses acontecimentos revelam uma grande discrepância econômica entre os dois países, e muito disso passa pela legalidade da planta. 

O “boom” no Estados Unidos 

Os Estados Unidos já vem colhendo frutos da abertura da economia canábica. Atualmente, cerca de 428.059 estadunidenses são alocados para empregos no ramo da cannabis, e isso só tende a aumentar. 

A projeção do país é de chegar a 1.75 milhão de cargos, isso quando todos os estados legalizarem a utilização da erva. 

Para ter uma noção sobre o tamanho desse crescimento, segundo o site Leafly, de 2019 até 2021, o Estados Unidos triplicou o número de novos empregados no meio. 

O que correspondia a 32.700 cargos criados, virou 107.059 em um intervalo de apenas dois anos. 

O site estadunidense, focado no uso e na educação canábica, ainda afirma que “nunca houve um momento melhor para conseguir um emprego na indústria legal de cannabis”. 

Para comprovar essa tese, conversamos com o Joaquim Castro, economista do BNDES que fala sobre cannabis. Segundo ele, esse “boom” está totalmente relacionado com a regulamentação da planta. 

A criação de novos empregos gera benefícios não só para a população, mas também para o governo. Até 2028, esperasse que apenas o conglomerado de Nova York arrecade US$1.25 bilhão

Brasil em decadência 

Sem legalização para fins recreativos, o Brasil enfrenta um cenário oposto no mercado canábico. 

Nos últimos 12 meses, os fundos brasileiros de investimento, voltados para o setor da cannabis, desvalorizaram cerca de 50%.

Esses fundos chegaram ao país em 2019, cercados de expectativa, o que se confirmou por um tempo. 

Logo no começo de 2021, o valor dos investimentos disparou, gerando uma grande euforia em quem estava depositando as suas fichas nessa nova indústria.

Porém, em menos de um ano, houve uma queda brusca na valia dessas ações, caracterizando esse mercado como uma verdadeira incógnita. 

A queda preocupa?

Para Joaquim, apesar de ter sido um fator negativo, essa desvalorização não deve assustar os investidores: 

“Isso é uma sacudida, os preços estavam muito esticados. O mercado começa a atrair capital que não entraria no setor se não visse a trajetória de crescimento dos preços das ações. Mas são ingênuos de achar que o crescimento é sempre acelerado”. 

O economista, enxerga esses fundos como uma grande oportunidade de investimento, ainda mais em países que estão começando nesse âmbito da economia: 

“É exatamente esses desafios que, nos casos em que existe um plano de negócios consistentes, fazem valer a pena investir desde agora nessa industria. Pois ainda está desbravado, especialmente em países que estão começando agora essa corrida verde. Caso das nações da América Latina.”

O que é liberado no Brasil? 

No Brasil, a cannabis é permitida apenas para fins medicinais. Algumas medidas,  facilitaram o caminho para quem quiser fazer uso da planta. 

A resolução 327/19, permite a comercialização desses compostos em farmácias, enquanto a 335 autoriza a importação dos mesmos, sempre com uma prescrição médica.  

Apesar disso, não são todos os tratamentos com cannabis concedidos no país. Até o momento, 14 produtos foram aprovados pela Anvisa. 

 

 

 

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