Se você fuma ou conhece alguém que gosta de acender um cigarro de maconha, já deve ter reparado que o uso contínuo vai requerer uma dose maior para ter os mesmos efeitos. Isso então seria tolerância?
Segundo a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), as pessoas podem sim desenvolver tolerância. No entanto, ela acontece quando as pessoas são expostas a altas doses, o uso frequente ou até em um período prolongado de tempo.
Contudo, parece que essa tolerância é um pouco diferente das demais substâncias. Conversamos com o psiquiatra e professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) Wilson Lessa, que nos ajudou a esclarecer o assunto.
Para entender como desenvolvemos uma tolerância à cannabis, é necessário primeiro entender o que é o Sistema Endocanabinoide.
Ele está presente por todo o corpo, e ajuda a equilibrar várias funções, como o sistema nervoso central e imunológico.
Quando o sistema endocanabinoide não está regulado, isso pode afetar o sono, o apetite, o humor, a imunidade e por aí vai.
Ele funciona por causa dos chamados canabinoides, que através dos receptores espalhados por todo o corpo ajudam a trazer de volta o equilíbrio.
Se uma pessoa está com febre, por exemplo, é este sistema que ajuda a temperatura do corpo voltar ao normal.
Nós produzimos canabinoides naturalmente, contudo eles também podem ser adquiridos de fora e se conectar com os nossos receptores.
Se você deduziu que estes canabinoides externos podem vir da cannabis, isso é verdade!
Eles trabalham de forma similar aos nossos e podem servir como uma espécie de reforço. É por esta razão que a cannabis é usada para as mais diversas condições médicas.
Um dos canabinoides mais prevalentes na maconha e que gera os efeitos alucinógenos, é chamado de tetraidrocanabinol (THC).
Segundo o professor da Wilson Lessa, a tolerância acontece porque o THC é um agonista parcial de um receptor chamado CB1.
“O uso prolongado do THC diminui a expressão dos receptores canabinoides. Desse modo, pode haver a necessidade de aumentar a dosagem do THC para conseguir estimular esses receptores.” acrescenta.
Já o Canabidiol (CBD), o principal canabinoide usado no tratamento de doenças, não tem esse problema, pois não é agonista do CB1.
Por outro lado, o professor também acrescenta que o uso de THC em conjunto com o CBD diminui muito a questão da tolerância.
Talvez você deva estar se perguntando se essa questão pode implicar em questões como a dependência à maconha.
Contudo, o professor da UFRR acrescenta que a abstinência de THC é comparada àquela da cafeína. “Basta uma semana sem utilizar THC para os receptores voltarem a ser expressos em quantidades adequadas.” conclui.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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