Já tomou suco de maconha? Não, você não entendeu errado, eu falei suco de maconha mesmo. Essa é uma nova tendência em alguns estados nos EUA, onde a planta é legalizada, como Califórnia e Nova York.
Ele é feito com as folhas de cannabis batidas no liquidificador com espinafre, couve, pepino, limão e uma maçã para adoçar.
Embora o uso tradicional da planta passe por algum tipo de processo para ativar os canabinoides, algumas pessoas estão experimentando os chamados “canabinoides crus”, que nada mais são que as moléculas antes de se transformarem em Canabidiol (CBD) e tetraidrocanabinol (THC), por exemplo.
Saiba mais sobre o que são os canabinoides
Para obter os benefícios tradicionais da cannabis, os canabinoides da planta precisam passar por um processo chamado descarboxilação, que converte as substâncias por meio da fumaça, vaporização ou cozimento. É só depois disso que alguns canabinoides vão aparecer.
Também chamados de canabinoides ácidos, eles são a forma natural das moléculas encontradas na planta. Aqui, a cannabis ainda não possui canabidiol e THC, mas CBDA e THCA. A cannabis crua também é mais propensa a ter canabinoides raros, como o CBGA.
Apenas em folhas frescas, os canabinoides aparecem na forma de ácidos vegetais. Eles deixam de ser ácidos por meio do calor, quando ocorre uma reação química que remove o grupo de ácido carboxílico e libera CO2.
Segundo especialistas químicos, os canabinoides ácido costumam ser maiores e mais pesados, o que dificulta na hora de se ligar aos receptores do corpo. Mas isso não significa que não tenham propriedades medicinais.
Ao invés de se conectar com algum receptor canabinoide do corpo humano, eles inibem a enzima ciclooxigenase-2 (COX-2), que está associada à resposta inflamatória.
Entenda os efeitos antiinflamatórios da cannabis
Ao contrário dos óleos e tinturas, aqui os canabinoides ácidos são incorporados na dieta, como vitaminas, saladas, molhos e claro, sucos. Eles também costumam ser usados como temperos, como orégano e salsa.
O perfil de nutrientes também varia bastante. O CBDA, por exemplo, é um ótimo ansiolítico e antiemético. Segundo um estudo publicado em 2014, o canabinoide também demonstrou capacidades anti-inflamatórias em pessoas com câncer de mama.
Outra curiosidade dos canabinoides crus é que eles não são intoxicantes, ou seja: o famoso “barato” só vem se as moléculas passam pela descarboxilação. Isso quer dizer que o suco não vai te deixar chapado, por exemplo.
Não há muitos estudos sobre o THCA, e aqueles que estão em desenvolvimento ainda estão no começo. Contudo, eles podem ser bastante explorados em um futuro próximo. Resultados preliminares demonstram que ele pode ser útil em tratamentos como perda de apetite, condições neurodegenerativas e até câncer de próstata.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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